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Hoje, saía de uma aula da canto, quando encontrei duas amigas próximo ao refeitório da facul. Elas perceberam meu olhar meio sombroso, contornado de duas incômodas olheras e meu jeito meio que apressado para voltar a uma outra aula, quando uma delas me idagou:
_Como você está apressado, menino.
Respodi que esse fim de ano minha vida estava bem corrida, além de estar estudando para licenciatura em música e Bacharelado em Música sacra e erudita, estava encarando um vestiba baita difícil, ainda tinha um curso de regência fora, um de história da música outro... Fui listando alguns dos motivos pelos quais eu estava enfrentando e aparentando tanta ligeireza em meu agir. Tudo está acontecendo muito rápido, exclamei: _ tenho medo do tempo passar, o tempo é meu dinheiro, é minha precisão hoje, toda hora disperdiçada é um artigo jogado fora ou uma leitura de uma peça para o piano, canto ou regência. Assim que tenho andado, meio atônito com tudo, bem vivo!
Uma de minhas amigas compartilhou comigo que tinha uma idade avançada, aparentado ter lá seus trinta e poucos anos, ela me disse que terminava agora seu ensino médio, e sonhava em fazer faculdade de matemática. Disse mais:
_ Perdi minha vida, queria tanto poder ter aproveitado mais e melhor meu tempo. Mas, tive filhos, casei-me e agora estou terminando meu segundo grau. Que inveja tenho de você, com 19 anos e já encarando um segundo ano de faculdade.
Percebi então um clima um tanto esquisito pairando sobre a cabeça de nós três, quando, meio que subtamente me veio a mente, foi algo talvez, meio que transcedente, e disse-lhe:
Não que você não tenha se realizado, mas tão somente suas realizações divergem das minhas, o que faz de você nem maior nem menor que eu, mas simplesmente diferentes e ricos somos cada um de nós.
Você pode dizer que ainda não se realizou com uma faculdade, daí, lhe digo que não me realizei com uma família, como você, ainda não experimentei um fruto meu, um filho, você já.
Plenitude de vida não está nas coisas que não fizemos, e sim nas que ainda vamos fazer e/ou nas que já realizamos.
Quanta coisa boa você já fez. Ás vezes você ainda não conseguiu aquele carro importado, mas quem tem um não fez tanto esforço quanto você pra ter seu "fuca" (fusca). Ás vezes você não teve aquele MBA, mas, experiências profissionais como as tuas, meu amigo, niguém tem.
Outro fator importante e que nos leva a estima para baixo é por colocarmos nossas vidas numa que não é a nossa. As experiências de seus amigos são glórias só deles, como as suas realizações, só suas. Ninguém vai viver em plenitude a sua vida, até porque ela é só sua e de ninguém mais.
Plenitude de vida não está nas coisas que não fizemos, e sim nas que ainda vamos fazer e/ou nas que já realizamos. Ter uma vida plena, é saber aproveitar cada momento, cada experiência que é sua, intransferível, intransponível.
Não queira ser aquilo que você não é, aquilo que por muita das vezes você curte, tá na moda, tá todo mundo fazendo. Isso não é plenitude de vida, isso são apenas feixes, resquissos, mesquinhos de uma vida ingrata e insatisfatória que nada tem a ver com você. Construa seu próprio caráter e viva o que você escolheu em ser.

Um abraço abarrotado.
Marcus Gerhard.

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