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Por vezes fico me perguntando sobre a finalidade da música, não como um objeto de direção, ou meio de algum designo, mas como seu próprio fim. Um prazer estético. E como cristão eu me pergunto se teria espaço para ela na Igreja.
Usamos a música para tantos fins, uns até a deixaram “celestial” (vinda do céu). Como seria isso possível?
É muito bom vermos nosso coro, irmãos motivados por canções “alegres”, por que na igreja não cabe usar o termo dançantes, que venha de dança como a valsa, a polka, o samba, o forró, a bossa, o jazz, o lundu, soa pecaminosos esses termos.
É interessante como a música traz eficazmente uma mensagem e alguns até se sentem transformados. Glória a Deus por isso.
E musica de “adoração” então... (Não diga pop Rock, pois Rock é do capeta.) Como ela é perspicaz e envolvente, alguns até choram. Ainda bem que Deus olha os corações e não os olhos. (digo isso, pois não choro com tanta facilidade, mas comungo com Deus).
O “Apelo”, apesar do termo, muitas igrejas ainda utilizam e a minha também. Geralmente o irmão do violão fica tangendo, notas em ADÁGIO (refere-se a andamento Muito lento) e AFFETUOSO (refere-se à expressão terna, suave, delicada). Amém por ser assim esse instante, no entanto ele só foi possível por se pensar em estética musical.
O “fundinho pra oração”, o termo é ridículo, mas é esse que tenho escutado por aí. A música deve ter basicamente o mesmo caráter do momento de “apelo”. Mais uma vez se pensou em estética, a finalidade da música.
Os “interlúdios” precisam chamar a atenção do povo para o próximo momento do culto, precisa ter um caráter de acordo com o que ocorrerá a partir daquele instante.
Não sou contra nenhum destes momentos, como também não os recrimino, a minha igreja e eu fazemos. Mas os que me deixa intrigado como músico e como cristão é o desrespeito à música. Inventamos e reinventamos meios para justificarmos nossos gostos e desejos, no entanto não somos capazes de reconhecê-la e dar importância a ela como objeto lúdico para todos esses momentos. Talvez aí esteja a falta de qualidade e interesse em fazermos uma música bem feita.
Um músico respeita a música por respeitar seu próprio ouvido. Exatamente o que tenho trabalhado com meu coro. Avaliamos o grau de periculosidade na música em que produzimos e quando sentimo-la boa, oferecemos ao nosso Deus.
Obviamente Deus não precisa de nada disso, de música boa ou ruim, de mãozinhas levantadas, “chororô”, como não precisa de Rock, ou pop, ou dance, ou sei lá o que mais inventaremos por aí para ditar o gosto de Deus. O que Deus precisa e quer ver em nós é um coração quebrantado (Sl. 51.17) e movido por esse quebrantamento, preocupado em oferecer seu melhor. (Tg. 1. 8; Rm. 11. 16; Ez. 48.14)
Quando o Coro infantil vai lá para frente, que tristeza, quantas vezes eu tive que ouvir um coro desafinado, cantando a letra toda errada e o mais triste é um irmão virar para mim e dizer que Deus recebe de qualquer forma.
De qualquer forma coisa nenhuma, isso é mediocridade, é ociosidade, preguiça. (Pv. 28.19; 24.30)
Caro amado irmão do coro infantil vá se preparar para tal tarefa. Um líder não tem que dar somente o seu melhor, mas fazer com que os seus liderados entendam esta mensagem partida de seus próprios atos e o façam também, precisa dar subsídios para com que seus liderados façam o seu melhor, melhor que o próprio Líder. Coisas maiores como diz Jesus (Jo. 14.12).
Música pra pensar, música pra orar, música pra dançar, música pra isso, música para aquilo, música...
Tenho interesse nestes meios de se usar a música, mas não posso eximi-la de uma qualidade dentro da igreja. Não consigo abdicar sua importância e importância na boa execução dela mesma. Meios que a justificariam por si mesma.
Amados, vamos oferecer sacrifício de louvor (Sl.107.22), sacrifícios de cheiro suave (Es. 6.10). Sacrifício é algo que nos custe. Vamos largar mão de fazermos de qualquer forma, sem qualquer boa intenção.
Poderíamos escolher qualquer arte, mas escolhemos a música, então façamos o melhor do alcance de nossas mãos.
Paremos de implicar com a música que não é apenas um agente mais um próprio sujeito dentro de nossas igrejas.
Queremos o melhor? Vamos nos importar em estética, em aptidão, em capacidade, em competência.
Para apascentar segundo a integridade do nosso coração e guiarmos pela perícia de nossas mãos (Sl. 78.72).

Em Cristo.
Marcus Gerhard.

P.S.: Dedicada aos sacerdócios ambulantes!!!!!